sábado, 7 de setembro de 2013

MANIFESTOS: QUEM SÃO OS VERDADEIROS "BADERNEIROS"?

Desde junho próximo passado, cansados da patifaria política instalada no país, cidadãos tem ido às ruas manifestarem contra a classe política que reina, na acepção literal da palavra, no Brasil. A primeira grande manifestação, que levou milhares de pessoas às ruas de várias cidades brasileiras, balançou o "berço esplêndido" dos políticos e descobrimos, então, que a cara-de-pau dos mesmos teme a opinião pública. O "gigante acordou" foi o slogan criado naturalmente para emblemar o movimento que, em voz uníssona, bradou contra a corrupção no Brasil. Foram manifestações absolutamente pacíficas, mas com um forte apelo: o povo unido, de fato é invencível, e somos nós, esse mesmo povo, roubado, achincalhado e humilhados que podemos e devemos mudar esse quadro.

Não demorou, e manifestações mais exaltadas começaram a acontecer, principalmente no Rio e em São Paulo. Quebradeiras e ações, as quais as autoridades convencionaram chamar de vandalismo, tornaram-se corriqueiras. Mas onde está o verdadeiro vandalismo? Em meio às manifestações, o congresso deu sinais de que sairia da letargia e abandonaria certas práticas impopulares. Projetos que aguardavam décadas para serem votados, foram colocados na pauta. Sepultou-se a PEC-37, a "Cura Gay". Imaginávamos que o Brasil estaria mudando. Ledo engano. Enquanto alguns quebravam portas de bancos, nossos deputados produziam a mais teratológica figura de todos os tempos. Nunca na história desse país, havíamos visto tamanha desfaçatez, tamanha cara-de-pau, tamanha afronta aos cidadãos de bem, como foi vista naquela casa de leis. Se quebrar porta de bancos e lixeiras pode ser chamado de vandalismo (e acredito que seja mesmo), como podemos nominar o ato de se criar a figura do Deputado presidiário? Se há vandalismo nas ruas, muito mais o há no Congresso, quando 172 vândalos são capazes, protegidos pelo sigilo, de votar pela permanência em seus quadros, de um ladrão condenado, com sentença transitado em julgado. Tal como os vândalos das ruas, esses senhores, com a cara coberta pela "touca ninja" do anominato, quebrou o decoro, chutou a decência, ateou fogo no bom senso e se transformaram nos maiores vândalos da história recente do país. A baderna tem origem, e é de lá, daquilo que chamamos congresso, que ela toma corpo e, por fim, eclode nas ruas. 

A corrupção perpetrada pelos políticos é, de todos, o maior vandalismo, enquanto sinônimo de "espírito destruidor". Esse vandalismo praticado contra o povo que trabalha e produz, não justifica o vandalismo das ruas, mas o explica na singularidade da reação humana. A verdade é que o povo cansou da hipocrisia política, da desonestidade da classe governante, da falta de honradez dos que gerem o erário. Portanto, penso eu, a criminalização dos movimentos das ruas, sob o pretexto do vandalismo, é só mais um vandalismo cometido contra nós, o povo.

Por Cloves Reges Maia, um brasileiro vítima do vandalismo da classe política brasileira.

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