quinta-feira, 22 de maio de 2014

A hipocrisia reina absoluta.

Compreender uma situação, entender porque acontece, não quer dizer que se aceita essa situação ou que, muito menos, se compactua com a mesma. Obviamente, ninguém que seja considerado normal, dentro de um conceito de conduta civilizada, pode aceitar que uma barbárie justifique outra, mas é perfeitamente possível que compreendamos tais atitudes. Negar ou criminalizar apenas as consequências das barbáries é hipocrisia pura, senão um ato de má-fé. Atônitos e amedrontados assistimos o "pipocar" de manifestações por todo o país, algumas regadas a atos de violência e vandalismo. Outro fenômeno recorrente e preocupante são os "justiçamentos" em praça pública. Pessoas sem histórico de violência e outros ilícitos, estão fazendo "justiça" com as próprias mãos. Os políticos fazem cara de espanto e tergiversam, como se não fosse com eles, induzindo o povo a repudiar apenas uma ponta do problema: a consequência. Mas toda consequência tem uma causa primária. E por que preferimos ser hipócritas a atacar o problema na causa? Quando não temos a resposta do poder público, quando o Estado não age no seu poder dever de amparar o cidadão, e a sociedade como um todo, a ordem pública se quebra e o absurdo se estabelece prenunciando o caos. Para os hipócritas e covardes, é muito mais fácil criminalizar a ação dos manifestantes que vandalizam, porque é, em tese, uma posição civilizada. "Nada justifica o vandalismo", diriam os hipócritas travestidos de vestais da moralidade. Como dito acima, não se trata de aceitar atos inconsequentes, mas entendê-los a partir da omissão do ente Estado. Por que não atacamos a razão, o que efetivamente dá causa a esses atos que, por vezes, atentam contra a civilidade? Por que não responsabilizamos o judiciário e os legisladores quando a multidão comete a barbaridade do linchamento? Pois é a impunidade a razão de tal. Por que não responsabilizamos o Executivo quando o vandalismo explode nas ruas? Pois é a má aplicação do dinheiro público e a corrupção as causas de tais atos. Criminalizar apenas a consequência é mostrar-se leniente com os crimes que causam o levante popular. Não sejamos hipócritas e, por conseguinte, covardes, pois somos todos vítimas em potencial de um estado cada vez mais corrupto.

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