quarta-feira, 4 de junho de 2014

Inabilidade política e negócios da empresa da família foram os reais motivos da desistência de Friboi.

Em surpreendente declaração, Maguito Vilela, Prefeito de Aparecida de Goiânia e um dos apoiadores da candidatura de Júnior Friboi ao governo de Goiás, criticou, de forma contundente,  o afastamento do empresário da corrida eleitoral. Para Maguito, política é "a arte da conversação, da costura. Quem tem paciência e habilidade para isso consegue. Quem não tem, acaba se afastando". Sugerindo que Friboi foi inábil, o prefeito disse, ainda, que "o político que não tem paciência para ser criticado, não dá conta". As críticas de Vilela corroboram a tese de que Friboi não estava preparado para assumir uma campanha majoritária, sobretudo por sua inexperiência política. Levado por uma assessoria que não se mostrou responsável, Friboi tentou se impor à revelia da militância e do apoio popular, algo que, em política, é inaceitável. Não obstante a falta de traquejo político, pesou na decisão do empresário, de abandonar seu projeto político, a exposição negativa da marca Friboi na mídia goiana e nacional, iniciada após a divulgação de que a empresa possui dívidas de mais de R$ 1,3 bilhões com o fisco goiano. O colunista Cláudio Humberto, do Diário do Poder, já havia dito na sua coluna diária, que o controlador da holdig JBS S/A, Joesley Batista, irmão do ex-candidato, tinha exigido que Friboi se abstivesse de usar o nome da marca empresarial, o que, convenhamos, seria o mesmo que pedi-lo para desistir. O fato é que toda essa exposição midiática de Júnior Friboi acabou por expor, também, a empresa JBS, situação que começava a atrapalhar os negócios da família. Notícias indesejáveis para a companhia global de alimentos JBS começaram a ser divulgadas na imprensa, como, por exemplo, reportagem do jornal O Popular do dia 1º de junho. Sob o título "JBS muda sua estrutura acionária", a matéria informa que, de forma obscura, os grupos Blessed e Bertin, acionistas da JBS, tiveram suas participações na empresa reduzidas pela metade. "A Blessed e a Bertin, dividem um fundo que sempre teve uma fatia expressiva da JBS. Na sexta-feira, porém, esse fundo sofreu uma mudança relâmpago dentro da estrutura acionária da JBS, afetando drasticamente a posição das duas empresas", diz o texto. E prossegue: "Ao amanhecer de sexta-feira, a Blessed detinha 13% da JBS - algo como R$ 2,8 bilhões, considerando seu valor de mercado no dia. Ao anoitecer, passou a ter 6,6% - R$ 1,4 bilhão". Não se discute aqui a lisura dos negócios empresariais da família Batista, mas negócios corporativos de proporções grandiosas, como esses da JBS, requerem uma certa discrição que a empresa não teria com Júnior insistindo em brincar de ser político. Se a pseudo disputa dentro do PMDB já estava sendo insuportável para a holding, imaginem no auge da campanha política propriamente dita. Admitir pode ser outra história, mas a desistência de Júnior Friboi está diretamente ligada ao prejuízo que sua carreira política poderia causar ao conglomerado da família.

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