domingo, 24 de maio de 2015

Ex-integrante do SIMVE desabafa: "não somos bandidos e merecemos respeito!"

Em e-mail enviado ao blog, um ex-integrante do SIMVE - Serviço de Interesse Militar Voluntário do Estado de Goiás que se identifica apenas pelo nick utilizado na sua conta do twitter,
pede respeito às pessoas dos soldados voluntários e às suas famílias. @SimveGoiás3 (nome utilizado no contato) diz que teme revelar sua identidade por medo de retaliações, já que vem sofrendo ameaças por sua defesa aos companheiros e ao programa de policial temporário. Para o ex-policial, a imprensa e os cidadãos contrários à contratação dos temporários confundem a ilegalidade da Lei de criação do SIMVE, recentemente declarada inconstitucional pelo STF, com os cidadãos integrantes do programa. "Conheci a grande maioria dos integrantes do Simve, que com muito comprometimento honrou a farda que vestia, pois, apesar do pouco que ganhávamos, era daqui que saia nosso sustento e de nossas famílias". @SimveGoiás3 diz que é filho de família pobre, sempre estudou em escolas públicas, foi vendedor de picolés, servente de pedreiro e que sempre se orgulhou do que fez. Aos 18 anos serviu o Exército Brasileiro em Brasília-DF, atuando, nos 12 meses de recrutamento, no Batalhão de Choque. Em 2011, foi selecionado para compor a 16º Contingente brasileiro em missão de paz no Haiti, país devastado por um terremoto no ano de 2010. Por dez meses participou de curso de formação com instruções diretas da ONU. Em 2012 retornou ao Brasil e em 2013, a fim de terminar o curso superior, pediu baixa do exército e retornou para Goiânia, onde foi selecionado para integrar o programa de policial temporário instituído pela Lei goiana. O ex-temporário diz que os "simveanos", como gostam de se denominar, são cidadãos honestos, comprometidos com a lei e a ordem pública e perfeitamente adaptados à disciplina militar. "Durante mais de dois anos de Simve, apenas 20 casos de mau comportamento envolvendo temporários foram identificados, portanto menos de 1% do contingente empregado, que era de 2.400 homens. Isso prova que há uma generalização quase criminosa, que tenta colocar-nos a todos como desonestos, incompetentes e indisciplinados", diz o missivista. O ex-Simve diz reconhecer a legitimidade da luta dos concursados pela convocação, mas entende que não seria necessário que essa turma hostilizasse os "Simveanos", já que o chamamento dos mesmos não dependia, exclusivamente, da exoneração dos temporários. "Há um déficit de policiais em Goiás e seria perfeitamente possível a convivência de efetivos e temporários nas fileiras da gloriosa PM. Tudo depende da vontade política de quem governa", pontua. Segundo o ex-policial, a campanha midiática contrária ao Simve atingiu diretamente os integrantes da polícia temporária de Perillo e os mesmos passaram a sofrer discriminações. No seu caso, ele diz que os amigos se afastaram e pessoas da família chegaram a perder empregos porque tinham um parente Simve.

O ex-Simve termina pedindo desculpas ao Promotor Fernando Krebs pela atitude infeliz do companheiro "simveano", que ontem ameaçou o promotor em um grupo do WhatsApp. "Nós, simveanos, repudiamos esse tipo de atitude. Não somos bandidos e nem queremos ser considerados como tal".


Nota: É importante salientar que durante todo o período de atividade como policiais, os chamados "simveanos" estavam legalmente amparados por lei estadual e sob o comando da Polícia Militar do Estado de Goiás. Nesse ínterim, é salutar que se separe a posterior ilegalidade da lei, declarada pelo STF, das pessoas que integraram o programa. Os cidadãos convocados por força do que determinava a Lei 17.882/12, em sua grande maioria, cumpriram com denodo a função para as quais foram chamados. A imprestabilidade da lei que sustentava o programa Simve não pode diminuir os homens que estavam sob sua égide, sob pena de cometermos uma grave injustiça com esses cidadãos. Por outro lado, a responsabilidade desse pessoal aumenta consideravelmente com a exoneração.   
 

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